Os nomes comuns ou vulgares das espécies são ou não escritos com hífen? Vejamos o que são os nomes comuns, a regra para escrevê-los e alguns exemplos.

Os nomes comuns vs. nomes científicos

Os nomes comuns das espécies, ou seja, os nomes utilizados em português (ou qualquer outro idioma) para mencionar espécies, não devem ser confundidos com os nomes científicos. Os nomes científicos são criados em latim ou latinizados com vista a evitar equívocos e ambiguidades nas várias traduções que são realizadas; estes são escritos em itálico ou, quando manuscritos, sublinhados.

Enquanto os nomes científicos têm uma capitulação obrigatória definida — nomeadamente, género com inicial maiúscula + espécie com inicial minúscula ( + eventual subespécie igualmente com inicial minúscula) —, os nomes comuns são apenas substantivos comuns e não devem ser utilizados com inicial maiúscula quando não iniciam uma frase (ou seja, escrevemos «o cão» e não «o Cão», exceto em qualquer contexto específico no qual «Cão» se trate de um substantivo próprio).

A criação dos nomes comuns

Para um grande número de espécies, já havia um nome comum em todos os idiomas antes de surgir a própria nomenclatura científica. Por exemplo, o «cão» já era «cão» muito tempo antes de a ciência classificar o cão com o nome científico Canis lupus familiaris. Para as novas espécies que vão sendo descobertas nos dias de hoje pela ciência, é criado um nome latinizado e os falantes de cada língua têm a liberdade para adotar uma tradução/adaptação livre.

Por que não utilizar apenas o nome científico?

Os nomes comuns são criados em cada idioma precisamente para evitar a utilização das formas latinizadas utilizadas para os nomes científicos, tendo isto um impacto maior nas línguas que utilizam outros alfabetos.

As formas dos nomes comuns de espécies

Os nomes comuns ou vulgares podem assumir várias formas:

Nomes de espécies com um único elemento

Para as espécies mais comuns e com as quais o ser humano coexiste diretamente, praticamente todas as línguas adotaram um substantivo simples (de um só elemento) para mencioná-lo. Exemplos:

– O meu cão (Canis lupus familiaris) é muito fiel.
– Tenho três gatos (Felis silvestris catus) lá em casa.
– O leão (Panthera leo) é o rei da selva.

Nomes de espécies com vários elementos e o uso do hífen

Para a grande maioria das espécies, habitualmente utiliza-se um substantivo composto constituído por várias classes de palavras. É precisamente nestes casos que surge a dúvida sobre se estes são grafados com hífen ou não; relativamente a esta questão, a regra é muito simples: os nomes comuns de espécies compostos por dois ou mais elementos são grafados sempre com hífen, independentemente do número de elementos — sem exceções. Vejamos exemplos:

Nomes de espécies compostos por um substantivo e um adjetivo

Muitas vezes, o substantivo utilizado neste tipo de nomes já é o nome vulgar de uma determinada espécie, servindo o adjetivo para distinguir a «segunda espécie» da «espécie original». Exemplos:

– O rato-preto (Rattus rattus) é originário do sudeste asiático.
– O gato-maracajá (Leopardus wiedii) é um felino que tem uma cauda muito longa.

Ainda relativamente a este tipo de nomes, normalmente a «espécie original» também pode ser referida utilizando algum adjetivo; estes nomes foram muito provavelmente criados depois de aparecerem os primeiros nomes comuns de outras espécies que utilizam o mesmo substantivo. Exemplo:

– Ofereci à minha filha um rato (Mus musculus) de estimação.
– A minha sobrinha também tem um rato-doméstico (Mus musculus), mas branquinho.

Nomes de espécies compostos por um substantivo e vários adjetivos

Não há limite para o número de adjetivos que os nomes comuns de espécies podem conter. Como já referido, todos estes elementos são unidos por hífen. Exemplos:

– O rato-toupeira-nu (Heterocephalus glaber) consegue sobreviver em ambientes pobres em oxigénio.
– A tarambola-dourada-pequena (Pluvialis dominica) é uma ave raramente vista na Europa.
– Há registos de observações de perna-amarela-grande (Tringa melanoleuca) — uma ave originária da América do Norte — em Portugal.

Nomes de espécies mais complexos

Nem sempre os nomes das espécies seguem a fórmula substantivo + N adjetivo(s). Podem conter elementos de ligação, como a
preposição «de» (aglutinada ou não com artigos definidos — «do», «da», «dos» ou «das»), bem como vários substantivos ou até mesmo verbos. Vejamos exemplos:

– A árvore-de-judas (Cercis siliquastrum) é relativamente comum na Península Ibérica. [substantivo + preposição + substantivo] – A cobra-de-água-viperina (Natrix maura) existe em Portugal. [substantivo + preposição + substantivo + adjetivo] – O abutre-do-egito (Neophron percnopterus) possui plumagem branca. [substantivo + preposição + substantivo próprio*] – O louva-a-deus-chinês (Tenodera sinensis) é um inseto muito peculiar originário da Ásia. [substantivo + preposição + substantivo + adjetivo] – A gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) é a espécie de gaivota predominante em portugal. [substantivo + preposição + substantivo + adjetivo] – O pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens) é caracterizado pelo topete amarelo vistoso. [substantivo composto (verbo + substantivo) + preposição + substantivo + adjetivo]

* Quando um substantivo próprio entra na composição de um nome comum de uma espécie, é correto não utilizar letra inicial maiúscula nesse elemento.

Esperamos que este artigo tenha servido para elucidar as suas dúvidas. Gostou? Não gostou? Tem alguma questão? Escreva um comentário e partilhe!